Consignação, transferência e cheque sem fundo: veja como agiam donos de loja de carros de luxo suspeitos de dar golpe em mais de 100 clientes
Suspeitos entravam em contato com as vítimas a partir de anúncios de venda de veículos na internet. Casal deve responder por estelionato, associação crimin...

Suspeitos entravam em contato com as vítimas a partir de anúncios de venda de veículos na internet. Casal deve responder por estelionato, associação criminosa e apropriação indébita. Dono de loja de carros de luxo é preso suspeito de dar golpes, tem veículos apreendidos e R$ 3 milhões bloqueados Divulgação/Polícia Civil Os donos de uma loja de carros de luxo, suspeitos de aplicar golpes em mais de 100 clientes, agiam a partir da consignação e transferência de veículos, além de utilizarem cheques sem fundo (entenda detalhes abaixo). A informação foi confirmada pelo delegado responsável pelo caso, Diogo Rincon. O casal deve responder por estelionato, associação criminosa e apropriação indébita. Clique aqui e siga o perfil do g1 Goiás no Instagram Segundo o advogado Diego Bringel, responsável pela defesa da empresária, em 2024 a loja sofreu um golpe de R$ 2 milhões, o que refletiu nos demais clientes. “A sócia minoritária, esposa do proprietário, se colocou à frente das situações que acabaram ocorrendo, inclusive resolvendo várias delas, tendo em vista que seu esposo estava em situação de saúde debilitada” (veja a nota na íntegra ao fim do texto). O g1 não conseguiu localizar a defesa do empresário para um posicionamento até a última atualização desta reportagem. O proprietário da loja foi preso na quinta-feira (12) e teve oito veículos apreendidos, além do bloqueio de R$ 3 milhões, em Goiânia. A esposa dele já havia sido presa no início do mês, em Senador Canedo, suspeita de desviar R$ 2,5 milhões de clientes. Entenda como funcionava o esquema Donos de loja de carros de luxo são presos suspeitos de ficar com dinheiro das vendas De acordo com o delegado, a loja é especializada na compra, venda e consignação de veículos de luxo. “Eles tinham várias formas de cometer os crimes, a mais usada era da seguinte forma: eles pegavam o carro em consignação, vendiam esses veículos e não passavam o valor para esses proprietários”, explicou Rincon. No caso das transferências, o investigador detalhou que o comprador não tinha o veículo transferido para o nome dele e nem o proprietário recebia o valor pela venda do carro. Dessa forma, as duas partes eram lesadas. “Como são mais de 100 casos, eles têm outras formas de operar o esquema criminoso. Pagavam parcialmente esses carros, davam cheque sem provisão de fundos, davam cheques com divergências de assinaturas para fazer com que eles voltassem”, ressaltou. LEIA TAMBÉM: ENTENDA: Dono de loja de carros de luxo é preso suspeito de dar golpes, tem veículos apreendidos e R$ 3 milhões bloqueados PRISÃO: Empresária é presa suspeita de desviar R$ 2,5 milhões de clientes ao revender carros de luxo VÍTIMAS: Donos de loja de carros de luxo presos são suspeitos de dar golpe em 100 clientes, diz delegado Como as vítimas eram abordadas Empresária é presa suspeita de desviar R$ 2,5 milhões com venda de carros de luxo em Senador Canedo Divulgação/Polícia Civil Conforme investigado pela polícia, a empresa entrava em contato com anunciantes de carros e sugeria que as vítimas deixassem o carro na loja para que fosse vendido. “Uma vez que é uma loja de grande circulação, tem uma visualização muito grande e fica numa região movimentada e nobre da capital”, destacou o delegado. A centena de vítimas identificadas correspondem apenas ao ano de 2025. Segundo Rincon, grande parte dos clientes eram do interior ou de outros estados, o que dificultava a cobrança presencial. ✅ Clique e siga o canal do g1 GO no WhatsApp O valor do prejuízo pode ultrapassar R$ 10 milhões. “Quando as vítimas somavam 25, o valor dava em torno de R$ 3 milhões. Considerando que agora são mais de 100 vitimas e se fizermos uma média, vai dar cerca de R$ 10 a R$ 12 milhões. Todavia, precisa de ser apurado esse valor", explicou o investigador. Ressarcimento das vítimas Ao g1, o delegado destacou que a maioria dos carros apreendidos já foram devolvidos aos donos, que não chegaram a ser lesados financeiramente. Para os clientes que não podem ter o seu veículo de volta, a polícia apreendeu os R$ 3 milhões do proprietário com o intuito de realizar o ressarcimento. Um dos clientes lesados publicou uma avaliação negativa para a loja, onde disse que o veículo foi comprado em dezembro de 2024 e que pediu o dinheiro de volta na semana seguinte. Em fevereiro de 2025, o homem só havia recebido R$ 30 mil e estava faltando R$ 180 mil (veja abaixo). Cliente denuncia ter sofrido golpe de loja de carros de luxo, em Goiânia Reprodução/Google Maps “A Polícia Civil tem 10 dias, a contar das prisões, pra concluir as investigações e encaminhar o procedimento ao Poder Judiciário”, frisou o delegado. Nota da defesa da empresária Primeiramente considero que a Justiça Goiana e a Polícia Civil agiram dentro da legalidade e de acordo com as informações que chegaram. Em segundo lugar, infelizmente minha cliente não pode exercer o seu contraditório nos procedimentos da Polícia Civil - ainda que minimamente, e isso prejudicou muito a sua condição, tanto é que está presa até o presente momento. A defesa destaca que a empresa foi vítima de um golpe no mês de dezembro de 2024 - aproximadamente 2 milhões em prejuízo, e isso reverberou em relação aos demais clientes. Existe um boletim de ocorrência narrando toda situação (mas esse procedimento não foi levado a sério pela polícia civil). A sócia minoritária, esposa do proprietário, se colocou à frente das situações que acabaram ocorrendo, inclusive resolvendo várias delas, tendo em vista que seu esposo estava em situação de saúde debilitada. Inclusive é importante ressaltar que eu a conheci representando alguém que havia tido problemas com a loja. Ela resolveu prontamente o caso e a partir desse momento me pediu ajuda para resolver as outras situações. Quando comecei a tentar resolver as demais situações, ela foi presa. Acabei ficando tão responsável somente por resolver e tratar da questão penal. Presa, hodiernamente, significa nada mais nada menos do que o impedimento de tentativas de resolução dos programas em relação à empresa, tendo em vista a condição do esposo dela - saúde. Acredito que o Judiciário erra em mantê-la presa, porque hoje é a única pessoa que estava tentando organizar saídas para resolver as situações que estão sendo reclamadas agora diante do Judiciário. E tudo isso, vale a pena reiterar, por causa da saúde do marido, que o impedia de estar à frente das situações. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás